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Funai tem de pedir permissão a criminosos ao buscar indígenas isolados



Por Redação
Foto: Acervo / Funai


O avanço de criminosos em unidades de conservação, territórios indígenas e seu entorno tem levado agentes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) a ter bandidos como interlocutores em expedições de campo destinadas a localizar indígenas isolados. Os agentes da Funai chegam a pedir permissão aos criminosos para ingressar em determinadas áreas.



As informações foram prestadas pela Funai em um documento a respeito do impacto da Ferrogrão sobre indígenas isolados na região do Tapajós, no Pará. Assinada por um indigenista do órgão no último 16 de julho, a informação técnica foi produzida em resposta a um ofício do Ministério dos Povos Indígenas que buscava dados sobre o impacto da ferrovia em comunidades indígenas. O caso foi divulgado pelo Metrópoles.



Ao abordar dificuldades às expedições de campo que identificam rastros e vestígios para delimitar territórios onde vivem indígenas isolados, o coordenador de Política de Proteção e Localização de Indígenas Isolados da Funai, Guilherme Augusto Gomes Martins, citou os perigos das incursões dos servidores das Frentes de Proteção Etnoambiental.



Segundo Martins, as equipes que vão a campo atuam sem poder de polícia e, em algumas ocasiões, não têm acompanhamento por forças de segurança. Neste ponto, o documento citou interlocução dos servidores da Funai com os criminosos que invadem os territórios indígenas, unidades de conservação ou atuam ilegalmente em suas imediações. Estes contatos ocorrem para pedir autorização de ingresso nas áreas e até para obter informações sobre ocupação de indígenas isolados.



“Para os servidores da Funai, por seu turno, torna-se cada vez mais perigosa a realização de expedições de campo, sem efetivo poder de polícia e por vezes sem acompanhamento de forças de segurança, transitando por espaços tomados por criminosos, e por vezes obrigados a tê-los como principais interlocutores, seja para obter autorização de ingresso, seja para obter informações sobre a possível ocupação indígena”, disse a informação técnica de Martins.



O documento foi corroborado pela coordenadora-Geral de Indígenas Isolados e de Recente Contato substituta da Funai, Sorahia Maria Segall. Em 17 de julho, ela encaminhou a informação à Diretoria de Proteção Territorial do órgão.

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