Alijado de ser vice de ACM Neto em 2016 - quando sequer ficou no páreo até os últimos momentos -, o deputado federal Léo Prates (PDT) tem qualidades que o colocam como sucessor natural de Bruno Reis (União) em 2028. No entanto, a ansiedade dele é classificada, segundo aliados, como um problema a ser tratado. Essa disputa com Ana Paula Matos pela vaga de vice de Bruno em 2024 é um exemplo disso.
No entorno de ACM Neto, a ligação entre o ex-prefeito e a dupla Bruno Reis e Léo Prates é tratada como quase familiar. O deputado federal, inclusive, trata os pais de Neto como "tios". Já Bruno chegou um pouco depois, mas adquiriu a confiança política em um nível maior que Léo. Responsável por montar chapas e azeitar relações políticas, o atual prefeito de Salvador "passou na frente" na fila. Porém isso não quer dizer que Léo tenha ido para o final dela. Ele apenas entrou na cota de "amizade" e ficou no banco de reservas.
Nessa posição, o pedetista que saiu do antigo DEM para cumprir função política, nutriu a expectativa lá em 2020 de que ficaria como vice de Bruno. Mas indicar Léo para vice geraria ruídos entre aliados e poderia provocar até um racha na base política que o ainda candidato a prefeito construiu como vice. Daí Bruno tirou Ana Paula da cartola (a terceira opção, inclusive) para garantir que a unidade fosse mantida. No acordo, Léo sairia candidato a deputado federal e as eventuais bases articuladas por Bruno e a vice seriam herdadas por ele. Deu certo. Foi o mais votado na capital, com folga para a segunda colocação.
Como Ana Paula não teve pretensões até aqui de criar musculatura política para ser candidata a prefeita e suceder Bruno, o capital eleitoral do grupo estaria centrado então em Léo Prates. Pelo menos é essa a perspectiva de quem acompanha de perto as conversas da cozinha do grupo político. Só que o deputado federal acredita que estando como vice a vaga de candidato a prefeito não poderia ser negada, razão pela qual insiste em ficar na virtual segunda gestão de Bruno nessa cadeira. E, por isso, durante algum tempo, ele centrou esforços para substituir Ana Paula.
Já a leitura pragmática de outras figuras apontam que, estando ele como deputado federal, há mais chances de garantir a atuação da máquina a seu favor, com os próprios diálogos que Léo tem mantido com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e interlocutores petistas. A dificuldade é saber ter paciência pra esperar e acreditar na palavra de quem já prometera que a hora dele vai chegar. Entre tantas qualidades, Léo não é lá tão paciente. Eis o ponto mais delicado disso tudo.